24 de abril de 2011

Klarsynthet

"Assinalamos que o realismo em arte preconiza a reprodução exata do real e a imitação da natureza; contrapõe-se às tendências da arte abstrata"


Sempre fui um amante da lucidez. Se eu fosse definir o conceito de lúcido, diria um sujeito possuidor de uma vitalidade insaciável que sempre busca compreender tudo em sua volta e interage com as pessoas da maneira que melhor lhe convém. É um talento que se desenvolve na busca pelo desconhecido, principalmente, o desconhecido dentro de si mesmo. Não há lugar mais sombrio que a alma. Para que um lúcido seja iluminado, é preciso constante esforço para conhecer a si mesmo, sempre duvidando das próprias conclusões, tendo uma visão aérea de tudo. O lúcido não se considera único em relação aos outros, se considera único por conseguir ouvir a voz do seu próprio pensamento. Ele não pensa, apenas ouve sua mente pensar. Sabe que nunca estará completamente certo, e tem ciência que existem pessoas prepotentes que não refletem o suficiente pra compreender essa incapacidade. Ser lúcido é saber que nada sabe. Nisso vem o pessimismo angustiante que todos os ávidos pela sabedoria experientam ao menos uma vez na vida, e logo não aguentam a dor. Ou se deleitam com simples prósitos, ou se aconchegam nos braços da morte.
É possível abrandar as dores da lucidez. Álcool, cigarro, maconha, cocaína, lsd, crack, heroína, amor.
Quando ébrio, em estado de embriaguez, os pensamentos que infernizam são ignorados e você se deixa levar pelos prazeres transitórios. A mente lesa e o corpo fadiga, todos em volta parecem tão perturbados quanto você. Por mais que tente voltar ao estado de conciência normal você não consegue e a tortura começa. A visão embaça, o corpo fica débil, seus membros se movimentam maquinalmente, a audição enfraquece, a mente não hesita, o tempo demora a passar. Sente uma vontade de rasgar o pescoço e atirar uma bala contra o próprio crânio. O sangue jorrando expressa seus anseios pela purificação das angústias infinitas que nunca te deixarão só enquanto vivo. Mas raramente acontece da vontade ser concretizada, pois o efeito das drogas passa e tudo volta a ser como d'antes. A vida é mantida num ciclo de klarsynthet och fylleri.

11 de abril de 2011

Eu te amo, Yasmin.

  • Eu quero esquecer uma pessoa. Esquecer que ela existiu, e que algum dia já me conheceu. Eu amo essa pessoa, e não posso simplesmente fingir que não a conheço.
  • Quero esquecer Yasmin. Ela lidou com os fatos de maneira tão confusa e leviana, que foi desrespeitosa comigo. Eu preciso dizer, ela estava certa no final. Ela costumava me dizer pra eu não me aproximar porque ela era um cu, e eu não acreditei.
  • Então, estou condenado a amar alguém que só merece meu desprezo. Isso vai contra toda a minha existência, contra a pessoa pela qual as outras me conhecem. Não tenho certeza se realmente a amo ou se sinto extrema pena dela, dado a minha compaixão latente.
  • Pela forma que a vida vai seguindo, toda dor se esvai, e as pessoas que nos importavam a presença somem da nossa percepção. O dia e a noite continuam surgindo, e tudo continua mudando.
  • Não consigo me conformar com tanto absurdo, é além da minha forma de ver as coisas. Nunca imaginei que isso poderia acontecer comigo, de um jeito tão superficial, é algo sem cabimento. Porra, caralho, desgraça! Amanhã vou acordar e comer meu café da manhã como se nada tivesse acontecido e vou me socializar com os outros fingindo que estou bem.
  • Meu coração foi enfraquecido e ele não funciona mais direito. Tenho certeza que o coração de Yasmin está tão quebrado quanto o meu. Eu deveria querer me matar agora, acharia bem mais sensato que não me importar em perder algo que era valiosíssimo para mim. Minha vida voltou a não fazer sentido nenhum, e pareço estar feliz com isso. Me sinto livre. Livre nadando num mar de nada. De porra nenhuma.
  • Eu queria me petrificar e ver as coisas mudando ao meu redor, até morrer de inanição e desidratação. Depois meu espírito iria entrar no corpo de alguém e tomar posse dele, para viver uma vida diferente. Eu sou uma merda.