3 de janeiro de 2010

Sonho

Eu vivo a minha vida como se fosse um puta sonho. Um sonho que nunca acaba, e eu queria que nunca acabasse. Sempre quando acordo tento me focar no sonho que estou sonhando no momento, vamos dizer, figurativamente. Olho as coisas, as pessoas interagindo, parece todo um show feito pra eu assistir bem em cima do palco, ou um cinema em que eu esteja me vendo dentro da tela. De fato, devo ter algum tipo de disturbio pelo qual paro e perco o foco da realidade em que estou vivendo. Dura alguns segundos, e fico num transe entre presenciar o que vejo, e assistir o que vejo, como se fosse um puta flashback. Mas nao é a mesma coisa quando lembro de algum fato do meu passado, em que imagino e ao mesmo tempo sei que estou respirando, e que existem pessoas do meu lado que nao gostariam de me ver derrepente desmaiado no chão sem nenhum motivo. Me esforço mais quando estou embreagado, e mesmo aliviado com o fato de ser comum apagar quando se bebe, no entanto recuso a me dar ao luxo de ter tais fraquezas. Vejo o mundo como um ambiente cruel e frio, onde as pessoas apenas olham pra si mesmas, às vezes da maneira mais mesquinha que se possa imaginar, e é importante manter a compostura, a máscara. O interessante de quando estou bêbado é prestar atenção na ação das pessoas e agir como se estivesse sóbrio, é divertido enganá-las de alguma forma. Enfim, o motivo de estar escrevendo isso é vago, dificilmente conseguiria ter uma justificativa razoável para fazê-lo. Queria dizer algumas palavras de como vejo as coisas, sabe. Sobre essas máscaras que as pessoas usam, e as mentiras cotidianas nao consigo aplicar com efeito, ou simplesmente me recuso, por repulsa. Acho divertido e ao mesmo tempo sinto repulsa, é isso. A todo tempo aparece um babaca dizendo "ei, seja voce mesmo!" e aquele discurso pseudo-original que pessoas bem sucedidas usam, mal percebendo que apenas o fato de estarem dizendo isso as fazem usar uma máscara, obscurecendo a própria identidade. No mundo atual poucos sao os que podem ostentar o poder de nao precisar de máscaras, nao precisam delas pra sobreviver. Existem tambem os que se recusam a pretender se passar por alguem que nao é e isso os faz mal sucedidos na vida. Essas pessoas sao mendigos, paranóicos, vagabundos, psicopatas, filósofos, maníacos, pobres bem educados, hippies, drogados, enfim toda a escória da humanidade. Eu, de certa forma sou paranóico. Sou paranóico comigo mesmo, me fiscalizando melhor do que ninguem poderia fazer. Entretanto queria ter a chance de conhecer alguem que diga a minha verdadeira identidade, que exponha meus defeitos como facas na mesa, e esperar que isso me destrua por dentro, me traumatize. Vou rir bastante e ficar contente como nunca. Melhor, vou amar essa pessoa. Se for mulher digo que até caso.

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