14 de junho de 2009


Desde 2008 que nao me sinto tao bem, sozinho. Tenho tempo de sobra para organizar minhas idéias, exercitar minha imaginaçao, tratar de assuntos desnecessarios com pessoas pouco conhecidas por prazer - e talvez por prática da sociabilidade de uma maneira menos arriscada -. Quando tudo isso cansa, dedico me à leitura de Dostoieviski, Crime e Castigo. Antes nao prestava atençao nas obras literarias por manter uma idéia fixa de que nao é necessario livros pra desenvolver o intelecto, contradizendo de com gosto o que meu pai tanto prega pra mim e minha irmã - infelizmente (ou será felizmente?) ela nao desenvolveu o senso crítico muito bem, leu alguns livros por prazer mas raramente algum que fosse realmente digno de boas críticas. Madrinha dela há muito tempo a ofereceu uma coleçao completa de obras contendo ao menos 18 clássicos, autores como Voltaire e Tom Jones, e ela nao leu sequer uma delas -, enganei muita gente com meu pseudo-conhecimento abrangente. Desde que comecei a estudar, que uma auto-crítica construtiva vem tomando minha atençao: preciso de ler muitos livros.
Quando estava lendo certo diálogo do livro
"- Gostas muito da tua irmã Sônia?
- É a pessoa de quem mais gosto no mundo."
me sensibilizei repentinamente, como se me injetassem emoçao pela vêia. Eu nao cheguei bem à chorar de comoçao mas, aquilo por hora me assustou, ri ironicamente. Depois refleti melhor sobre o fato de nao ter lido muitos livros, conclui que é normal de que me emocione com uma grande obra dessas, devo manter a humildade e reconhecer o que outros já reconheceram muito antes de mim.
Diante de tanta coisa, passando tao rapido na minha vida, nem pude notar que aquela velha insatisfaçao que me aflingia tanto já nao me tortura como antes. Acredito que devo isso ao amor próprio que comecei a cultivar a pouco, com orgulho me mantenho independente. Já nao ligo pras besteiras que me importava tao ativamente, chorava, mordia os labios de raiva, meditava em funçao de controlar me, diante de situaçoes que nao sabia ao certo como agir; tudo isso eu julgava em nome do bem estar dos outros - "A minha felicidade é a felicidade dos outros" - dizia ingenuamente. E dizia até com um certo orgulho de mim mesmo, um orgulho desmerecido. No fundo eu queria experimentar as coisas de uma maneira mais intensa, participar da vida dos outros, como se viver a minha propria vida já nao bastasse. Blerg, por essas e outras que nao gosto de recordar meu passado, nem as pessoas que participaram dele.

Mas no final de tudo mesmo, eu só estou... bricando de viver, só isso. Nao exijam muito de mim.

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